segunda-feira, 2 de novembro de 2020

DANÇA – Marco Polo Guimarães

 

Se a língua roxa se balança
Por dentro e por fora da boca
Dança e balouça essa louca
Na pouca vergonha da moça

Se a língua se lambe e se roça
Áspera túrgida úmida
Na fresta dos lábios se lança
Por dentro e por fora ela avança

Se a língua lúbrica pinga
Saliva sal vivo salobre
Por cima e por baixo lambuza
Seu mel seu calor seu langor

Se a língua lama lanugem
Pelugem de rubro veludo
Introduz seu dedo no lodo
Um lobo no dédalo uiva

Se a língua nua no orgasmo
Na água langue do espasmo
Se volve em mormaço e conforto
Dissolve-se a dança em mar morto

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