segunda-feira, 9 de novembro de 2020

ISTO QUE JÁ PARECE NOITE - Mariana Correia Santos

 

hoje o céu é preto e velho.
morrerá logo.
e eu sei que fico aqui
até mais tarde
ao lado da cova aberta do dia
prolongando algo que valha
do corpo morto.
admirando a luz,
o calor, o tempo
que perdi.
incapaz de ceder
à hora certa de ir dormir.
e ao finalmente dormir,
reenceno a perda.
para sempre perdendo.
numa falta tão doce
muito mais doce
que encerrar um adeus.

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