quarta-feira, 25 de novembro de 2020

RENASCIMENTO – Valentim Magalhães

 

Já não luto, bem vês; fôra loucura
Tentar deter de um rio a correnteza.
Rendo-me, pois, à tua formosura,
Pois mais forte não sou que a Natureza.

Seja qual for — ventura ou desventura —
(E já me não aflige esta incerteza),
Seja qual for o fim desta loucura,
Venceu-me a tua cândida beleza.

Sou teu, pertenço-te, adorada minha.
Vem dos teus olhos para mim o dia,
Como do sol antigamente vinha.

Só de te amar me alegro e me contento:
E a minha vida, outrora erma e sombria,
Brilha e floresce num renascimento.

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