sexta-feira, 20 de novembro de 2020

NOITE – José Severiano da Costa Andrade

 

Vejo o crepúsculo distender-se, lento,
como um negro lençol, pela cidade...
É noite: — geme e turbilhona o vento
enquanto eu cismo, em minha soledade...

Só nesta hora vêm-me ao pensamento
os quadros de perdida e tenra idade...
Pensar na vida é rude sofrimento,
é aguçar os espinhos da saudade!

Um sino dobra, além, triste e pausado;
e o coração de quem sofrendo vive,
pulsa de dor, saudoso e amargurado...

Ó Deus! com o teu poder, por caridade,
dá-me de novo bens que outrora tive,
- Faz-me voltar à minha tenra idade!

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