quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

DOIS POEMAS de Sérgio Mattos

 

QUANDO SINTO

Quando sinto o desencanto, procuro tuas mãos
que trazem o conforto e me fazem palpitar.
Permaneço disperso, sentindo teu perfume
e tua presença, suspensa nas nuvens da imaginação.

Do papel onde escrevo, tuas curvas tomam formas
e, como sombra, teu corpo nu, eu vejo.
Um sorriso vão enche-me o rosto
e na tentativa de acariciar-te ouço longe,
muito longe, passos, vozes e o bater da máquina de escrever.

Teu corpo nu desaparece, enquanto o tempo volta a agir
e minhas mãos a trabalhar.
Um leve tremor invade-me a alma
e uma complacente esperança
consola-me, porque tenho certeza
de ao chegar em casa, sobre a cama,
encontrar teu corpo quente.
............................................
PANCADA GRANDE

Refúgio de andorinhas,
a cachoeira da Pancada Grande,
como um véu sagrado,
protegeu o casal enamorado,
selando um compromisso
mágico, colorido e acalorado.

Sob a força da água corrente
ouvi as três pancadas
da cachoeira, marcando o compasso
das batidas dos corações.

Batidas aceleradas,
cheias de vida e ação,
buscando preencher os espaços,
físico e espiritual,
num verdadeiro ritual,
criando elos de aço
que não podem ser rompidos
nem corrompidos.

- O elo une amizade, sentimentos,
alegrias, sofrimentos
e experiências de vidas passadas.

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