sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

QUE SABES TU... – Frederico de Castro

 

Que sabes tu…
de todas as horas serenas
onde me espreguiço
ante a fraterna
lágrima quieta
e branda
embebedando-me satisfeita
assim que se debruça o sol
prostrado na tua varanda

- Que sabes tu…
porque encetei
a longa caminhada
enxugando todos os pesares
que carrego neste percurso
soçobrando a noite
no bater de dois corações
desembainhando pureza
aliviando meus dissabores
educando o saber que trazes
na brisa de todas as gentis
sutilezas

- Que sabes tu…
onde nasceu o fogo
cada silêncio
onde demarcamos a luz
corrigimos fronteiras
brandindo fé
no terreno de todas
as trincheiras

- Que sabes tu…
onde arrumei minhas galáxias
roubando a via láctea
nas noites onde desperto
sereno e te deixo
em asfixia morrendo
o corpo dolente
desbravando silêncios
eufóricos tão convergentes

- Que sabes tu…
dos momentos inesquecíveis
emergindo sedutores
aconchegando a alma
eloquente onde pacificamos
as utopias
as palavras inefáveis
a dor que veleja hoje até
à imortalidade de todas as vidas
galgando com fervor audaz
nossas imutáveis cartografias
onde pernoitamos na meiguice
do tempo
mapeando
o amor de cores fantásticas e insaciáveis

Que sabes tu…

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