sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

ROSA DE SAIGON – Gabriel Solis

 

Apareceu de repente
Naquele beco escuro
Na cidade em chamas
Me chamou com seu olhar medroso
E eu fui, arrastando meus pés,
Junto com o meu cansaço e minha sujeira,
Meu cheiro de sangue e morte.

Ela subiu pela escada escura,
Eu a segui com minha culpa esquecida;
E no quarto miserável
Iluminado pelas chamas
Lembrei de outra rosa,
Uma rosa longínqua e sofrida
Que chorava minha morte
Numa terra que nunca
Conheceu a guerra.

Mas esta rosa
Aqui e agora,
Matava minhas vontades;
Há tanto esquecida na mata,
com seu cheiro de incenso e flor,
Com seu corpo pequeno e suave,
Com sua boca de criança na minha.

Eu a amei sem saber seu nome,
Eu a feri com minhas botas,
Com meus botões,
Com minhas fivelas,
Até esvaziar meu ser dentro de seu corpo...
Ela derramou uma lágrima,
Ou eu imaginei...?

De novo na rua Escura,
De novo o medo, a morte.
Então eu vi minha Rosa de Saigon
Correndo em minha direção.

Eu vi minha rosa cair na sua rua,
Com uma dúzia de rosas encarnadas
Brotando do seu corpo.

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