sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

DOIS POEMAS de José Germano Cardoso

 FUGA PARA DENTRO

Fugidios em canto escuro
avivar o amor
já todo esquadrinhado

é a prisão que então buscaram
a desufocar a alma
iliberta, solta nos dias

Pequenos ovos estrelados!
nos rostos dos sapatos!

Amor morrido
Amor matado

não

Pequenos ovos estrelados!
Nos rostos dos sapatos!
......
ANDORINHA AGUIOÉTICA

Vamos, companheiro!
A cavaleiro do impossível!
O gesto não ofenda
a mão do afago,
a dança não entorpeça!

É já uma solução
para o nada ter sentido.
É já um rendimento, uma humildade
esta coragem.

Vamos, companheiro!
A este mar em concha
a te levar ao desespero
é visitar o amor com medo.
É apagar-se e não dar chance
que queime, morra e ressuscite.
E embora sofra assim a alma e grite
também murmura uma valsa vienense.

Ao longe em teto azul de céu
que para dançar, companheiro,
não precisa ter pés
para voar... Vamos, companheiro!
Amar não tem forma.

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