Eram duas, mãe e
filha,
Rosalina e
Rosmanilha.
A pequena,
pobrezinha!
dia a dia mais
definha.
É grande, trágica
a fome
que Rosmanilha
consome.
E a menina à mãe
aflita,
cheia de lágrimas,
grita:
"- Mãezinha,
tem compaixão!
Tenho fome! Eu
quero pão!"
E a mãe triste à
sua filha:
"- Não te
aflijas, Rosmanilha!
A tua dor é sem
nome,
mas eu vou
saciar-te a fome."
E lá vai a
desgraçada,
taciturna pela
estrada...
Onde irá buscar o
pão
à filha do
coração?
Mas uma ideia
domina
a sombria
Rosalina:
Ela iria até à
cidade
e cheia de
alacridade,
cercada das
infelizes,
corrompidas
meretrizes,
Rosalina cantaria,
para os homens
dançaria...
E assim obteria o
pão
à filha do
coração...
E na hora do
amanhecer
houve em casa o
que comer.
Quando foi da
estação fria,
Rosmanilha
imploraria,
olhos doridos de
pranto:
"- Tenho
frio! Eu quero um manto!"
E Rosalina lhe
diz:
"- Para
cobrir-te, ó infeliz,
esta noite eu
dançaria
até ao despontar
do dia..."
Nascendo a manhã
tranquila,
Rosalina foi
vesti-la
com um gesto
dorido e terno.
E quando veio
outro inverno,
por um desígnio do
céu,
Rosmanilha
adoeceu.
A mãe deixa a
filha doente
e vai dançar
tristemente.
Quando veio a
manhã doce,
com o remédio que
ela trouxe,
Rosmanilha ficou
sã.
Mas numa negra
manhã,
quando o outro
inverno chegou,
Rosmanilha
transmigrou.
Desígnio torvo do
céu!
Por que a pequena
morreu?
Rosalina o que
faria?
Rosalina cantaria?
Dançaria Rosalina
para enterrar a menina?
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