Tradução de Rafael
Rocha
Os homens...
É preciso amar os homens.
Os homens são admiráveis.
Sinto vontade de vomitar
– e de repente aqui está ela: a Náusea.
Então é isso a Náusea:
essa evidência ofuscante?
Existo – o mundo existe –
e sei que o mundo existe.
Isso é tudo.
Mas tanto faz para mim.
É estranho que tudo me seja tão indiferente:
isso me assusta.
Gostaria tanto de me abandonar,
de deixar de ter consciência
de minha existência, de dormir.
Mas não posso, sufoco:
a existência penetra em mim
por todos os lados, pelos olhos,
pelo nariz, pela boca…
E subitamente,
de repente,
o véu se rasga:
compreendi, vi.
A Náusea não me abandonou,
e não creio que me abandone tão cedo;
mas já não estou submetido a ela,
já não se trata de uma doença,
nem de um acesso passageiro:
– A Náusea sou eu!
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