Que sinto eu! Desejos de vingança!
De um crime horrível ela tornou-se ré;
e o ídolo que adorei reduzo as cinzas
e sobre as cinzas me coloco em pé.
Mas isso amor será? inda em meu peito
de amor a chama se conserva acesa?
Se acaso a flor que o verme envenenou
conserva ainda a natural beleza?
Mas isso amor será, me atormentando
o cancro da mais bárbara traição?!..
Diz-me a razão: "despreza-a"... porventura
surdo serei às vozes da razão?!!
Mas isso amor não é! Já no meu peito
não há vestígio da flor dessa esperança!
É ódio! É só desprezo!.. indiferença!
Desprezo, indiferença e só vingança!
Vingança eterna do poeta altivo
que já não pode na mulher ter fé!
Que o ídolo que adorou reduz as cinzas
e sobre as cinzas se coloca em pé!
Vingança eterna do poeta atraiçoado,
que não sabe nutrir falsa traição,
mas que sabe punir com indiferença
a mulher que pratica a ingratidão.
Que não sabe, à traição, cravar no peito
pontiagudo punhal envenenado,
mas que sabe dizer perante a ingrata:
Mulher! Eu te desprezo!... estou vingado!
Quem sabe amante ajoelhar-se escravo
a luz dos olhos da mulher que adora,
também sabe, traído, desprezá-la,
te mesmo quando arrependida chora.
Quem sabe, amante, ajoelhar-se escravo,
mas que sabe também perdida a fé.
O ídolo falso reduzir as cinzas
e sobre as cinzas colocar-se em pé!
Mulher! sagrei-te meus cantos
n"aurora da mocidade;
curti amarga saudade
no peito, de crenças nu;
hoje o fado transmudou-se,
e ódio apenas te of"reço
do meu orgulho não desço
ao lodo que vives tu.
Como a estrela que se apaga,
astro sem brilho que morre,
dos meus olhos já não corre
uma lágrima se quer;
julguei-te um anjo da vida,
elevei-te a um céu ridente,
mas, hoje, vejo, impudente
que não passas de mulher!
Esqueceste-me! Que importa!
Serás também esquecida,
mas um dia arrependida
chorarás por mim em vão:
a vida dura bem pouco!
A fortuna também finda!
Espero encontrar-te ainda
rojada ao lodo do chão.
As faces já cadavéricas,
os olhos quase apagados,
e esses lábios desbotados
pelos beijos da traição!
E, ao certo, nem por piedade,
hei de a mão te oferecer!
Estátua - fria mulher
que não tinhas coração!
E decaída e rojada
no precipício dos anos,
verás teus ledos enganos
calçados como uma flor!
Então - múmia ressequida
ao lembrar-te do passado,
verás que negro é teu fado,
quanto vil foi teu amor!
Mas, não! não! Deus te perdoe!
a loucura é que cegou-te!
O ódio que a rir-me dou-te,
lembra o crime que fizeste!
Vive, donzela vaidosa,
vive e espera que o destino
te faça ver quão ferino,
foi o golpe que me deste!
Deus te perdoe!... e amanhã,
quando apagar-se meu nome,
e tu tremeres de fome
nos albergues do sertão:
Se um fantasma seguir-te
e a porta der-te um gemido,
será teu bardo traído,
que morto esquece a traição.
De um crime horrível ela tornou-se ré;
e o ídolo que adorei reduzo as cinzas
e sobre as cinzas me coloco em pé.
Mas isso amor será? inda em meu peito
de amor a chama se conserva acesa?
Se acaso a flor que o verme envenenou
conserva ainda a natural beleza?
Mas isso amor será, me atormentando
o cancro da mais bárbara traição?!..
Diz-me a razão: "despreza-a"... porventura
surdo serei às vozes da razão?!!
Mas isso amor não é! Já no meu peito
não há vestígio da flor dessa esperança!
É ódio! É só desprezo!.. indiferença!
Desprezo, indiferença e só vingança!
Vingança eterna do poeta altivo
que já não pode na mulher ter fé!
Que o ídolo que adorou reduz as cinzas
e sobre as cinzas se coloca em pé!
Vingança eterna do poeta atraiçoado,
que não sabe nutrir falsa traição,
mas que sabe punir com indiferença
a mulher que pratica a ingratidão.
Que não sabe, à traição, cravar no peito
pontiagudo punhal envenenado,
mas que sabe dizer perante a ingrata:
Mulher! Eu te desprezo!... estou vingado!
Quem sabe amante ajoelhar-se escravo
a luz dos olhos da mulher que adora,
também sabe, traído, desprezá-la,
te mesmo quando arrependida chora.
Quem sabe, amante, ajoelhar-se escravo,
mas que sabe também perdida a fé.
O ídolo falso reduzir as cinzas
e sobre as cinzas colocar-se em pé!
Mulher! sagrei-te meus cantos
n"aurora da mocidade;
curti amarga saudade
no peito, de crenças nu;
hoje o fado transmudou-se,
e ódio apenas te of"reço
do meu orgulho não desço
ao lodo que vives tu.
Como a estrela que se apaga,
astro sem brilho que morre,
dos meus olhos já não corre
uma lágrima se quer;
julguei-te um anjo da vida,
elevei-te a um céu ridente,
mas, hoje, vejo, impudente
que não passas de mulher!
Esqueceste-me! Que importa!
Serás também esquecida,
mas um dia arrependida
chorarás por mim em vão:
a vida dura bem pouco!
A fortuna também finda!
Espero encontrar-te ainda
rojada ao lodo do chão.
As faces já cadavéricas,
os olhos quase apagados,
e esses lábios desbotados
pelos beijos da traição!
E, ao certo, nem por piedade,
hei de a mão te oferecer!
Estátua - fria mulher
que não tinhas coração!
E decaída e rojada
no precipício dos anos,
verás teus ledos enganos
calçados como uma flor!
Então - múmia ressequida
ao lembrar-te do passado,
verás que negro é teu fado,
quanto vil foi teu amor!
Mas, não! não! Deus te perdoe!
a loucura é que cegou-te!
O ódio que a rir-me dou-te,
lembra o crime que fizeste!
Vive, donzela vaidosa,
vive e espera que o destino
te faça ver quão ferino,
foi o golpe que me deste!
Deus te perdoe!... e amanhã,
quando apagar-se meu nome,
e tu tremeres de fome
nos albergues do sertão:
Se um fantasma seguir-te
e a porta der-te um gemido,
será teu bardo traído,
que morto esquece a traição.
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