Daqui não se parte,
aqui não se chega,
há um tempo imóvel
em toda multidão de pés
de borracha, de pés de ardósia,
de pés mecânicos de escada,
porque aqui o que existe é
redemoinho de gente,
agitação febril que se consome,
o suor diário de cana,
o pastel diuturno da manhã,
a cabeça operária,
o relógio de ponto no pulso.
Nesta Rodoviária não há viagem,
todos estão paralisados numa cidade
operária; aqui mesmo parece ser
o destino e a partida,
vermes no estômago,
no ventre do tempo,
consumindo-se de si mesmo,
a Rodoviária para existir
necessita dessa fornalha de gente
para produzir o calor febril da cidade.
Mas aqui há também ócio
e malandragem - há o eterno
flâneur suburbano, de pente no cabelo,
masca o chicletes do conto do vigário,
os bolsos vazios de trama e promessa.
aqui não se chega,
há um tempo imóvel
em toda multidão de pés
de borracha, de pés de ardósia,
de pés mecânicos de escada,
porque aqui o que existe é
redemoinho de gente,
agitação febril que se consome,
o suor diário de cana,
o pastel diuturno da manhã,
a cabeça operária,
o relógio de ponto no pulso.
Nesta Rodoviária não há viagem,
todos estão paralisados numa cidade
operária; aqui mesmo parece ser
o destino e a partida,
vermes no estômago,
no ventre do tempo,
consumindo-se de si mesmo,
a Rodoviária para existir
necessita dessa fornalha de gente
para produzir o calor febril da cidade.
Mas aqui há também ócio
e malandragem - há o eterno
flâneur suburbano, de pente no cabelo,
masca o chicletes do conto do vigário,
os bolsos vazios de trama e promessa.
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