quinta-feira, 28 de maio de 2020

AMARGOS COMO OS FRUTOS – Ana Paula Tavares


Amado, por que voltas
com a morte nos olhos
e sem sandálias
como se um outro te habitasse
num tempo
para além
do tempo todo

Amado, onde perdeste tua língua de metal
a dos sinais e do provérbio
com o meu nome inscrito

 Onde deixaste a tua voz
 macia de capim e veludo
 semeada de estrelas

Amado, meu amado,
o que regressou de ti
é a tua sombra
dividida ao meio
é um antes de ti
as falas amargas
como os frutos.

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