Quando eu cair cansado da romagem,
Uma ave só não quebrará seus cantos;
Ninguém meu leito há de juncar de flores
Nem o pó de meus pés lavar com prantos.
Quando eu lançar dos ombros já dormentes
O roto manto dum viver sem glória,
Ninguém meu berço embalará chorando,
Quem do meu nome guardará memória?!
Por mim, que a vida atravessei cantando,
Por mim, que o mundo chamará de louco,
Ninguém um riso apagará dos lábios.
Dos lábios, onde a dor dura tão pouco!
Eu fui na terra o eco do abandono!
Fui astro errante e de emprestado brilho!
Não descobri nos ermos da romagem
Um marco, um só! Que me ensinasse o trilho!
Cantei; mas foi meu canto o som convulso
Do regougo do mar nas tempestades!
Sonhei como Gonzaga, amei como ele,
E deixo a vida sem deixar saudades.
Folha de um ramo desgrenhado à tarde
- Despregada no inverno e solta ao vento -
Fui tanta vez também rolar por ermos,
Seguindo sempre o mesmo pensamento.
Amei a infância na mulher que amara,
De olhar de fogo e coração de gelo.
Dormi com crenças, acordei descrido;
Prendi a vida a um longo pesadelo.
Passei na terra - como à flor dos mares
Num céu de bronze um bando de andorinhas;
Elas gemem talvez, gemi como elas;
Mas ninguém escutou as queixas minhas.
Vaguei comigo só pela existência,
Fitos debalde os olhos no caminho,
Sem uns laivos de amor e de verdade
Nem ninguém, meu Deus! sempre sozinho.
Quero agora em frouxel, à beira d´água,
Onde o canto do mar me embale a medo,
Descansar da romagem no deserto,
Como um riacho à sombra do arvoredo.
Não tem dobre o finado em leito estranho
Nem letreiro nem cruz nem pedra - Embora!
Por ínvia solidão, sem musgo, à sombra,
Posso, como vivi, dormir agora!
Que noite vou passar - amadornado
No seio imenso e nu da eternidade!!
Talvez lá venha iluminar-me os sonhos
Uma réstia de luz e de verdade!
A dois passos de mim lá corre a louca
Ao mar da eternidade em que se lança!
Rio de lodo, quis sondar-te em seios
Que há de em pouco esconder minha lembrança.
Magdalena gentil, eu te amo tanto!
Contigo sonho em noites de abandono,
Contigo acordo e nutro-me de insônias,
Até que em teu regaço eu tenho sono!
Em que lençol vais embrulhar meus ossos,
Quando eu mudar de pó e isolamento!
Dura verdade que aprendi comigo: -
Pesa mais que a mortalha - o esquecimento!
Uma ave só não quebrará seus cantos;
Ninguém meu leito há de juncar de flores
Nem o pó de meus pés lavar com prantos.
Quando eu lançar dos ombros já dormentes
O roto manto dum viver sem glória,
Ninguém meu berço embalará chorando,
Quem do meu nome guardará memória?!
Por mim, que a vida atravessei cantando,
Por mim, que o mundo chamará de louco,
Ninguém um riso apagará dos lábios.
Dos lábios, onde a dor dura tão pouco!
Eu fui na terra o eco do abandono!
Fui astro errante e de emprestado brilho!
Não descobri nos ermos da romagem
Um marco, um só! Que me ensinasse o trilho!
Cantei; mas foi meu canto o som convulso
Do regougo do mar nas tempestades!
Sonhei como Gonzaga, amei como ele,
E deixo a vida sem deixar saudades.
Folha de um ramo desgrenhado à tarde
- Despregada no inverno e solta ao vento -
Fui tanta vez também rolar por ermos,
Seguindo sempre o mesmo pensamento.
Amei a infância na mulher que amara,
De olhar de fogo e coração de gelo.
Dormi com crenças, acordei descrido;
Prendi a vida a um longo pesadelo.
Passei na terra - como à flor dos mares
Num céu de bronze um bando de andorinhas;
Elas gemem talvez, gemi como elas;
Mas ninguém escutou as queixas minhas.
Vaguei comigo só pela existência,
Fitos debalde os olhos no caminho,
Sem uns laivos de amor e de verdade
Nem ninguém, meu Deus! sempre sozinho.
Quero agora em frouxel, à beira d´água,
Onde o canto do mar me embale a medo,
Descansar da romagem no deserto,
Como um riacho à sombra do arvoredo.
Não tem dobre o finado em leito estranho
Nem letreiro nem cruz nem pedra - Embora!
Por ínvia solidão, sem musgo, à sombra,
Posso, como vivi, dormir agora!
Que noite vou passar - amadornado
No seio imenso e nu da eternidade!!
Talvez lá venha iluminar-me os sonhos
Uma réstia de luz e de verdade!
A dois passos de mim lá corre a louca
Ao mar da eternidade em que se lança!
Rio de lodo, quis sondar-te em seios
Que há de em pouco esconder minha lembrança.
Magdalena gentil, eu te amo tanto!
Contigo sonho em noites de abandono,
Contigo acordo e nutro-me de insônias,
Até que em teu regaço eu tenho sono!
Em que lençol vais embrulhar meus ossos,
Quando eu mudar de pó e isolamento!
Dura verdade que aprendi comigo: -
Pesa mais que a mortalha - o esquecimento!
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