segunda-feira, 25 de abril de 2022

CONFUSÕES – Pedro Du Bois

 

sobe ao pódio e avista
na plateia o passado
indissolúvel em águas
ultrapassadas na imersão
com que suas lembranças
ressurgem altaneiras
e os anos passados
são alvos dos ataques

esquece as aventuras
contadas em rápidas palavras
de oferecimentos e descobrimentos

o futuro se apresenta
inócuo em luzes descoloridas
e frias de invernos
alcançados antes do tempo
preferido aos esquecimentos

no que se repetem as estações
se tornam pinturas enquadradas
em molduras onde cupins se alojam
e trabalham suas alimentações

autofágicas rememorações
consomem capítulos
alcançados em propagandas
e conversas olvidadas
ao público não cativo
dos facilitadores

aventura o restante em única ficha
e recolhe no tablado o nada
consta em seu favor
aos pares aos ímpares
insucessos sucedidos
em mal agradecido
aceno de quem sai

a solidão opaca
em sua mala resta a roupa
usada em situações
análogas de descrença
e vulnerabilidade

o final é o gesto parado
onde o braço levanta a mão
e o ônibus passa lotado.

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