quinta-feira, 28 de abril de 2022

EMERGÊNCIAS – Mariana Perna

 

i. Agora se recria

Eu choro o teu nome
pingo os teus dedos.

A gravata de sangue
que não pode me pertencer.
As unhas de seda
que tudo podem tecer
hoje já formam rios
alfabetos.

Criam
levam adiante
de volta
e o que a mim não pertence
me perpassa, vai embora.
Deixa seu novo nome
pela areia…

Perplexa

Apenas observo, de dentro do automóvel.

ii. Ela está no meio de nós

Há uma voz que vem das montanhas
Há uma força que nos acompanha
E grita o seu silêncio
Por cima de todo este caos.

Uma poesia que reina sobre a sujeira

Infinita, absoluta.

Eu padecerei
Você, também
Mas ela continuará a soar
através dos tempos
Invencível, correndo com os ventos
mesmo quando tudo terminar.

Será levada de mão em mão

Até chegar ao topo
Do mais alto morro,
onde tudo começou.

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