segunda-feira, 11 de abril de 2022

DOIS POEMAS de Alexandra Vieira de Almeida

 

A NEGRA COR DAS PALAVRAS

A negra cor das palavras,
rasgando minha pele abismal

No sono dos mortais,
encontro a imortalidade da chama
que queima o corpo da manhã

Na noite dos apaixonantes véus,
o delírio do verso esférico
como a bola da lua em cristal de espumas

Não digo o verbo de espinhos
qual sangue que fere o tempo
Digo a palavra bruta
que tece os terçóis do sol

Na languidez do mapa,
o itinerário das negras letras
a faiscar um caminho para o Paraíso.
...................
O PÁSSARO NEGRO

Ele era o barulho do vazio,
se fazendo lenda no voo da violência

Livre pelo ar,
adocicava a natureza
com sua cor bendita

Rei entre os pássaros,
não se gabava de ser peão
mas imperava no meio da floresta
com seu canto de hinos e versos selvagens

Mas o homem que não era lenda,
só escória no meio do mundo
dispara o tiro mortal
em que o vermelho da dor
era o sublime cântico da vida.

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