ARTE POÉTICA
Caneta bate em surdos ecos brancos
Que já sangram insanos e inquietos.
Caneta bate nestes muros, vetos
Concretos se desfazem entre trancos.
Aqui se fura a pele e se despeja
O sangue aglutinado nesta tinta.
Aqui, planeja, pensa… pensa e pinta
Com a sanguínea tinta o que deseja.
O sangue livra o branco das tensões
De sua fúria cega para o inerte.
O sangue almeja mundos no furor
Deste intenso desejo de criações.
O sangue na caneta expele, inverte,
Reverte o branco e lhe converte em cor.
........................
A VOZ DE UMA PEDRA
Sou pedra. Falo feito pedra bruta,
Dura, tão dura igual palavra dura,
Palavra pedra, dura, forte e pura.
Daqui não saio, tem que ter disputa,
E pedra bate sempre bruta, forte,
Impenetrável, grave, tesa e brava,
Massa pesada, voz que é bruta clava,
Som estridente de pavor e morte.
Tenho vontade pétrea impenetrável,
De duros sentimentos, maleável
Nunca, teimosa sempre, sou teimosa
E provarei para vocês agora.
Posso virar estátua que decora,
Mas permaneço toda pedregosa.
...........................
COSMOGONIA
Selo rompido, sangue brota, touro,
Vespa, cavalo, cobra, sapo, verme
E escorpiões emergem da epiderme
Num cataclismo abrupto… Grande estouro…
Desta ferida brotam mundos velhos,
Mundos insanos, reluzentes mundos
Toscos e turvos, foscos, tão profundos
Mares escuros, negro sol, espelhos
Esmigalhados, embaçados, homem
Coisa sem forma, transformado em lava
Árvore mundo brota em homem mente…
Homem de seres anormais que somem
E reaparecem transformados. Cava,
Escava e cava até surgir ardente….
Caneta bate em surdos ecos brancos
Que já sangram insanos e inquietos.
Caneta bate nestes muros, vetos
Concretos se desfazem entre trancos.
Aqui se fura a pele e se despeja
O sangue aglutinado nesta tinta.
Aqui, planeja, pensa… pensa e pinta
Com a sanguínea tinta o que deseja.
O sangue livra o branco das tensões
De sua fúria cega para o inerte.
O sangue almeja mundos no furor
Deste intenso desejo de criações.
O sangue na caneta expele, inverte,
Reverte o branco e lhe converte em cor.
........................
A VOZ DE UMA PEDRA
Sou pedra. Falo feito pedra bruta,
Dura, tão dura igual palavra dura,
Palavra pedra, dura, forte e pura.
Daqui não saio, tem que ter disputa,
E pedra bate sempre bruta, forte,
Impenetrável, grave, tesa e brava,
Massa pesada, voz que é bruta clava,
Som estridente de pavor e morte.
Tenho vontade pétrea impenetrável,
De duros sentimentos, maleável
Nunca, teimosa sempre, sou teimosa
E provarei para vocês agora.
Posso virar estátua que decora,
Mas permaneço toda pedregosa.
...........................
COSMOGONIA
Selo rompido, sangue brota, touro,
Vespa, cavalo, cobra, sapo, verme
E escorpiões emergem da epiderme
Num cataclismo abrupto… Grande estouro…
Desta ferida brotam mundos velhos,
Mundos insanos, reluzentes mundos
Toscos e turvos, foscos, tão profundos
Mares escuros, negro sol, espelhos
Esmigalhados, embaçados, homem
Coisa sem forma, transformado em lava
Árvore mundo brota em homem mente…
Homem de seres anormais que somem
E reaparecem transformados. Cava,
Escava e cava até surgir ardente….
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