sábado, 23 de abril de 2022

POEMAS de Fátima Irene Pinto

 

AMOR NÃO EXIGENTE

É sublime amar assim,
sem poder se ver.
É o amor manifesto
com outra expressão.
É sublime amar assim,
sem nada querer.
Talvez seja esta
uma legítima afeição.

Não nos pertencemos
e no entanto, nos temos.
Nada esperamos
e se esperamos, sofremos.
Mas, lá no cerne
do quanto nos queremos,
sobrevive a tênue esperança
de que ainda nos veremos.

São longínquas esperanças,
remotos anseios ...
mas não temos vivido
destes devaneios?
Quando o amor é grande
a gente não esquece.
Os ânimos se altercam,
a chama arrefece,
parece que vai morrer
e de repente aquece.
É que o "coração tem razões,
que a própria razão desconhece."
....................
SONETO MARGINAL

Chegam-me aqui milhares de pessoas,
Todas irreais... Para ficar, nenhuma.
Etéreas, me frequentam – umas boas,
Mas todas fugidias como a bruma.

Amo-as no meu limite, do meu jeito,
Algumas me suportam, quero crer.
Já outras... nem aí com meus direitos,
Compensando as que me amam pra valer.

Por conta dos abraços que não dei
E dos muitos afetos reprimidos,
Sobrou-me a solidão, esta agonia.

Talvez um dia o amor que eu desejei
Transforme-se, de apelo dolorido,
No amor tão decantado na poesia.
..........................
PÉROLA

Minerando em turvos rios,
Escavando em densas minas,
Entre ecos de humanos sons,
Entre sons das mais tristes sinas,
Entre vales e mil colinas,
Entre zeros depois da vírgula,
Entre os muitos plurais da vida,
Encontrei em ti, Amiga,
O ouro que não garimpei,
A esmeralda que não escavei,
O som que não escutei,
A pérola, que sem buscar,
Achei!

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