terça-feira, 26 de abril de 2022

POEMAS de Tânia Diniz

 

MAESTRO

Orquestra

felina sinfonia

desencadeado prazer

Dança agônica

divina e absoluta

Sob tua batuta.

Véus, ventre, xaile.

Teu, meu corpo de baile.
............
LUAS

Na luz nova
de recurvo brilho
a paixão renovas

No meu céu
de cio crescente
a chama alteia

E serpente e sereia
me encontro vindo:
lua cheia

E quando, bacante,
mesmo minguante,
me prendes a cintura
na quadratura a de cada mês,
a cada vez,
desvendas com arte
a sanguínea face
de minha lua escarlate.
...................
CONSTELAÇÕES

Noite
a curvatura do dorso
o singelo pescoço...
na placidez, o boi rumina rubis
e baba, leitosos, quartzos róseos,
onde cintila aldebarã.

De manhã -
presepeiro, pesado, às vezes ligeiro,
boi de canga, boi de farra,
bumbo meu boi.
E touro bravo, de sangrenta arena,
me volto manso,
sem qualquer pena.
No laço fácil do teu abraço,
vaca leiteira, lambe-lambê-las,
rumino estrelas.

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