terça-feira, 14 de setembro de 2021

JAGUAR – Júlio Kling

Sou o Jaguar
em terra de cego
que tem o olho
visão lunar
noite viva penetrante
que desvenda
a mata
bicho selvagem
que avoa num salto
arma bote certeiro
malícia de fêmea
solta
onça negra
- Não tenho dono
sussurra a danada
ao meu ouvido
baixinho
Não sou tamanduá
ou galo de capoeira
nem bugiu turmeiro
ou boi de criação
Eu sou a besta
na alcova
bicho que se esconde
dilacera a carne
fresca.
Presságio de mim mesmo
alma caçadora
em meio ao rebanho
que pasta mourejando
Do jaguar, o sonho
que se sonha só...

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