QUERO SER LIVRE INSINCERO
Quero ser livre insincero
Sem crença, dever ou posto.
Prisões, nem de amor as quero.
Não me amem, porque não gosto.
Quando canto o que não minto
E choro o que sucedeu,
É que esqueci o que sinto
E julgo que não sou eu.
De mim mesmo viandante
Olho as músicas na aragem,
E a minha mesma alma errante
É uma canção de viagem.
......................
DEIXEI DE SER
Deixei de ser aquele que esperava...
Isto é, deixei de ser quem nunca fui.
Entre onda e onda a onda não se cava,
E tudo, em seu conjunto, dura e flui.
A seta dorme, inerme, na ampla aljava.
O presente ao futuro cria e imbui.
Se os mares erguem sua fúria brava
É que a futura paz seu ritmo obstrui.
Tudo depende do que não existe.
Por isso meu ser mudo se converte
Na própria semelhança austera e triste.
Nada me explica. Nada me pertence.
E sobretudo a lua alheia verte
A luz que tudo usurpa e nada vence.
..............................
SE TUDO O QUE HÁ
Se tudo o que há é mentira,
É mentira tudo o que há.
De nada nada se tira,
A nada nada se dá.
Se tanto faz que eu suponha
Uma coisa ou não com fé,
Suponho-a se ela é risonha,
Se não é, suponho que é.
Que o grande jeito da vida
É pôr a vida com jeito.
Fana a rosa não colhida
Como a rosa posta ao peito.
Mais vale é o mais valer,
Que o resto urtigas o cobrem
E só se cumpra o dever
Para que as palavras sobrem.
Quero ser livre insincero
Sem crença, dever ou posto.
Prisões, nem de amor as quero.
Não me amem, porque não gosto.
Quando canto o que não minto
E choro o que sucedeu,
É que esqueci o que sinto
E julgo que não sou eu.
De mim mesmo viandante
Olho as músicas na aragem,
E a minha mesma alma errante
É uma canção de viagem.
......................
DEIXEI DE SER
Deixei de ser aquele que esperava...
Isto é, deixei de ser quem nunca fui.
Entre onda e onda a onda não se cava,
E tudo, em seu conjunto, dura e flui.
A seta dorme, inerme, na ampla aljava.
O presente ao futuro cria e imbui.
Se os mares erguem sua fúria brava
É que a futura paz seu ritmo obstrui.
Tudo depende do que não existe.
Por isso meu ser mudo se converte
Na própria semelhança austera e triste.
Nada me explica. Nada me pertence.
E sobretudo a lua alheia verte
A luz que tudo usurpa e nada vence.
..............................
SE TUDO O QUE HÁ
Se tudo o que há é mentira,
É mentira tudo o que há.
De nada nada se tira,
A nada nada se dá.
Se tanto faz que eu suponha
Uma coisa ou não com fé,
Suponho-a se ela é risonha,
Se não é, suponho que é.
Que o grande jeito da vida
É pôr a vida com jeito.
Fana a rosa não colhida
Como a rosa posta ao peito.
Mais vale é o mais valer,
Que o resto urtigas o cobrem
E só se cumpra o dever
Para que as palavras sobrem.
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