segunda-feira, 8 de novembro de 2021

DOIS POEMAS - Adalberto Müller

 

UM CANTO DE

Silêncios-

a noite desliza lenta
escondendo estrelas.
Uma guitarra
sem cordas corta
o ar com seu gume
de espelhos quebrados.
No ventre obeso
do mar sem lume,
ensaio um canto.

Não o podes escutar,
submersa no sono
da distância, que tece intrincados
desvelos.

Esse canto te procura, tat-
eante como um cego.

Um canto át-
ono, quase
um sussurro (cheio
de silêncios.)
..........
O TEMPO DO POEMA
para Alcides Villaça

lento lento lento

o poema se gesta
canção de
gestos inefáveis

um dia se olha no espelho
e rugas lhe escavam
a face

ninguém o leu
tão a fundo
quanto o

tempo

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