terça-feira, 23 de novembro de 2021

DOIS POEMAS – Dagmar Destêrro e Silva

 ÊXTASE

Amor, bem sabes tu como te quis...
No afeto que minha alma te ofertou,
dei-te tudo... Ilusão... Dei-te carinho...
uma alma vibrante,
- essa taça de vinho que sorveste feliz,
o vinho delirante
que tua vida embriagou.

Amor,
bem sabes tu como te quis.
Na volúpia de querer a tua vida,
Tua alma na minha alma confundida,
retratei-me toda inteira nos meus versos...
Meus segredos dispersos!

Amor, bem sabes tu quanto te quis.
No momento supremo, iluminado,
que ainda agora o coração bendiz,
nos encontramos,
e nos amamos
o meu olhar no teu continuado.

Meu ser estremeceu,
vibrou minha alma, num lampejo.
Senti, na terra, o céu.
Tive em mim a volúpia de um desejo.

Tudo, agora, porém, é solidão.
Já não voltas, não podes mais voltar.
A minha alma lamenta em triste pranto,
nunca mais te encontrar.
Lamenta este meu coração
não haver gozado,
não haver te dado,
carinhos que me deste e eu não aceitei,
os beijos que pediste e não te dei...
...........
CORRIDA

O avanço do tempo corre a vida,
mas nesse tempo há pedras espalhadas,
pedras agudas, carnes esfarrapadas,
sangue jorrando de cada ferida. 


 O tempo açoita a vida noite e dia
e ele chora, tropeça, levanta e continua.
Só e esperança anima a travessia;
e a alma corre, descabelada e nua.

E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio,
de ver o belo existente no caminho;
não perder na corrida é o seu anseio;
sua atenção conserva em desalinho.

No embrião da vida, no tempo, avanço.
Subidas e descidas - tantas conheço:
e na vertigem do correr me canso.
Procuro, em vão, meu horizonte do começo.

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