ÊXTASE 
  Amor, bem sabes tu como te quis... 
No afeto que minha alma te ofertou, 
dei-te tudo... Ilusão... Dei-te carinho... 
uma alma vibrante, 
- essa taça de vinho que sorveste feliz, 
o vinho delirante 
que tua vida embriagou. 
  Amor, 
bem sabes tu como te quis. 
Na volúpia de querer a tua vida, 
Tua alma na minha alma confundida, 
retratei-me toda inteira nos meus versos... 
Meus segredos dispersos! 
  Amor, bem sabes tu quanto te quis. 
No momento supremo, iluminado, 
que ainda agora o coração bendiz, 
nos encontramos, 
e nos amamos 
o meu olhar no teu continuado. 
  Meu ser estremeceu, 
vibrou minha alma, num lampejo. 
Senti, na terra, o céu. 
Tive em mim a volúpia de um desejo. 
  Tudo, agora, porém, é solidão. 
Já não voltas, não podes mais voltar. 
A minha alma lamenta em triste pranto, 
nunca mais te encontrar. 
Lamenta este meu coração 
não haver gozado, 
não haver te dado, 
carinhos que me deste e eu não aceitei, 
os beijos que pediste e não te dei... 
........... 
CORRIDA 
  O avanço do tempo corre a vida, 
mas nesse tempo há pedras espalhadas, 
pedras agudas, carnes esfarrapadas, 
sangue jorrando de cada ferida. 
 O tempo açoita a vida noite e dia 
e ele chora, tropeça, levanta e continua. 
Só e esperança anima a travessia; 
e a alma corre, descabelada e nua. 
  E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio, 
de ver o belo existente no caminho; 
não perder na corrida é o seu anseio; 
sua atenção conserva em desalinho. 
No embrião da vida, no tempo, avanço. 
Subidas e descidas - tantas conheço: 
e na vertigem do correr me canso. 
Procuro, em vão, meu horizonte do começo.
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