terça-feira, 9 de novembro de 2021

POEMAS – Luiz Roberto Guedes

 

TEMPO DE COMETA

o cometa chispa
e já foi embora

flecha cíclica
em fuga elíptica

mais veloz
que o flash
da metáfora

rasga o céu comum
do pensamento
num piscar de
olhos imantados

risca o poema pul
veriza o pulsar em
treva |sem verbo|
queda no silêncio de
palavras sideradas

|entreato
cósmico|

feche os olhos
considere
espere o
próximo
..............
ALMANÁRQUICO

verlaine na prisão escrevia
com um palito de fósforo
molhado em café

rimbaud cultivava piolhos
e forjava brilhos homicidas
com frios olhos azuis

baudelaire tinha cabelos verdes
e nerval passeava um lagostim
pelas ruas de paris |pour épater.
c'est le style, celéstine|

edgar lúgubre poe
mallarmé enigmático
valéry lúcido
trakl drogado

o fantasmário mascarado
baila no sarau do século
e até agora te assombra
poète qualquer, mon frère

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