domingo, 15 de maio de 2022

CORPO DE CONTINGÊNCIAS - Casé Lontra Marques

 

Até que nos erguemos sobre o estrado
onde resgatar
as raivas que escavam a superfície
das meninges

(adiando
as defasagens do desamparo)
como a solidão
que
nos antecede

- calados, convalescemos? –

apesar
dos atos que nos reúnem

(turvando
a oscilação dos obstáculos)

Recorremos

aos
eventos do passado

sem regressar

ao

presente dos eventos

que nos surpreendem

com
uma carência

inexpressiva:

quando o tempo não mais nos distrai
traímos
a concentração que desidrata

o fôlego atraindo

- para
longe do tempo -

o tempo que se contrai

quando
apresentamos

ao tempo (que os lapsos estendem)
um
outro desconforto

quando
dispersamos

- por
murmúrios –

o rosto

contra a atrocidade
de
um tempo que não perturbasse

as têmporas
onde
persistem pelo menos os destroços

latentes
de uma dúvida

atenta

(seria
insuportável a insuficiência
se o signo
que nos origina

não selasse

com
o nosso desaparecimento
a
sua assinatura)

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