segunda-feira, 23 de maio de 2022

POEMAS de Vicente Freitas

 

SONETO COR-DE-ROSA

Moça bonita, musa cor-de-rosa,
nesta tarde calma, bela e radiosa,
fico a pensar em ti, maravilhosa
e nua, lua nua luminosa.

Sonho e sinto nessa tarde de ouro,
raio de sol, o teu cabelo louro...
mulher azúlea e rósea, meu tesouro,
sinto-me leve como um jovem mouro.

Cai a noite a ensombrar os horizontes,
e ao leve embalo murmurar das fontes,
adormecemos sobre velhas pontes...

Mas ouvindo a maciez de tua fala,
sobressaltado, acordo sobre a mala,
indo de encontro à solidão da sala.
.......
SONETO DA INTIMIDADE

Invulneráveis são teus seios belos
que sempre dão prazer, prazer profundo.
Além de belos, belos e fecundos.
E eu corro muitas léguas para tê-los.

Parecem duas frutas despencando
dois frutos sob a blusa, intumescidos
e quando os vejo assim desenvolvidos
mesmo acordado... fico assim sonhando.

As tetas de cor roxa e graciosas
aumentam suas formas voluptuosas
e tremem quando em busca de carinhos.

E quando no teu íntimo absorvidos
às vezes minhas mãos e meus sentidos
beliscam como leves passarinhos.
.......
METAMORFOSE

Treva da noite,
nos ombros curvos da cidade,
aglomerados,
nos olhos turvos das janelas
tudo jaz sem equilíbrio.

Parte, ó homem, à aventura do amor
esquece um instante teu Ego
não é utopia fantástica,
é possível.

Talvez achareis meu poema
perdido em ruínas
com tua rude miséria exposta
em metamorfose.

Homens, rainhas, reis,
não pequemos pela maçã ou pelo pão,
voltemos à nudez do paraíso:
Mundo sem dor,
onde o homem não tem forma de lágrima.
.......
MACUNAÍMA

sou Macunaíma
o herói sem geografia
sem residência fixa
sem hora

sou Martim Cererê
sou um mito
um mágico
um milagre
sou carente de você

sou sensível
às vezes, Caipora

– sou Macunaíma, o herói

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