Ô, terra
desértica, esquálida, quem vê não vê
Carregam dos rios a água pra beber
De sede morre o gado, sem ter pasto pra comer
De gente escorre a peste, essa pobreza de sofrer
Ô povo condenado, com poder mas sem saber
Corre os vales, danado
Vendaval cortina de causos
E de rasteiros são os gritos dos autos
desse mito surtido e lascado
Queima as cordas de nylon, espreguiça
Seu chapéu de pastor tão surrado
Nos mercados de Meca nortista
Encontrar teu clamor tão sonhado
Com uma rosa colhida na serra
Ponteando a boca cerrada
Veste o terno de listra serrana
Violeiro de vista encerrada
Cega o mundo na tua parábola
De cigarras e mamulengos
Chega até os contos primeiros
Dos reis daquela enseada
Faz do riso à risca faga
Das serestas sob o sereno
Fez do rico um pobre de graça
Nas cantadas com o palo seco
Carrega em outras violas
A missão profetizada
Destes loucos arautos de estórias
Batizados na beira da estrada
São tão velhos quanto o mundo
Santos mestres do perigo
Trazem à língua uma jornada
Em cada fala, um desafio
Lembram espadas e cavalos
Dos tempos do feito antigo
Donzelas, castelo e magos
Verdades de cunho ríspido
No encontro de suas cordas
Travam um conflito proibido
Desafiam o próprio homem
Do diabo ao Altíssimo
Da peleja consagrada
Nos altares do tranquilo
Servos de tanta coragem
Das palavras que te digo
Contam versos dessa vida
Como se prepara a fava
Cortam velha falha rica
Das torturas dessa fala
E o corte tão profundo
Corta a pele tão pregada
Sorte a do cortador
Cortejo numa lapada
Segue lenda das cacimbas
Dessas onde o povo mata
Feito bodes na baixada
Dois colegas de infância
Brigavam por coisa de cabra
Pra ver quem dançava melhor
Com a mocinha de saia rodada
No forró das dez e meia
Junto dos dono da farra
Começaram a se estranhar
Como o velho vê as rusgas
Partiram pra vias de fato
Sem cerimônia pra luta
O mais velho pegou ar
Mão na cinta, expressão bruta
Começou a ameaçar
Apontando a causa última:
“- Meu bichin, olhe pra ponta
E a lâmina talvez não tarda
Entrará na tua carne
Nem terá tempo pra nada
Quando o sangue escorrer
Pode preparar a mortalha
Um chá pra visita de fora
Caixão e vela chorosa
Velório e tristeza em casa”
No entanto, respondeu
O caçula aperreado
“- Irmão meu não tem desculpa
Pra apanhar feito um imundo
Puxa arma nessa altura
Porque nem se garante no murro
Largue essa covardia, deixe de tanto dilema
Venha pra cima de mim, pra mim lhe quebrar suas venta.”
Quem sofreu, deixou saudade
Quem souber, em carta marcada
Pularam perante a pressa
A peleja de uma ciranda traçada
Cantador de ouro e piada
Ouviu nas suas andanças
Conheceu senhor satisfeito e também viu as carrancas
Versejou o grã-sertão, em cada parte da sua malha
Pelejou em tantas praças
Guardou a fé nas festas suas
Herói de viola guardada
A capa nas dobraduras
Menestrel das semeaduras
Horário de volta aguardada
Soltou farpas nas caras duras
Cortadas em Cordel de Facas.
desértica, esquálida, quem vê não vê
Carregam dos rios a água pra beber
De sede morre o gado, sem ter pasto pra comer
De gente escorre a peste, essa pobreza de sofrer
Ô povo condenado, com poder mas sem saber
Corre os vales, danado
Vendaval cortina de causos
E de rasteiros são os gritos dos autos
desse mito surtido e lascado
Queima as cordas de nylon, espreguiça
Seu chapéu de pastor tão surrado
Nos mercados de Meca nortista
Encontrar teu clamor tão sonhado
Com uma rosa colhida na serra
Ponteando a boca cerrada
Veste o terno de listra serrana
Violeiro de vista encerrada
Cega o mundo na tua parábola
De cigarras e mamulengos
Chega até os contos primeiros
Dos reis daquela enseada
Faz do riso à risca faga
Das serestas sob o sereno
Fez do rico um pobre de graça
Nas cantadas com o palo seco
Carrega em outras violas
A missão profetizada
Destes loucos arautos de estórias
Batizados na beira da estrada
São tão velhos quanto o mundo
Santos mestres do perigo
Trazem à língua uma jornada
Em cada fala, um desafio
Lembram espadas e cavalos
Dos tempos do feito antigo
Donzelas, castelo e magos
Verdades de cunho ríspido
No encontro de suas cordas
Travam um conflito proibido
Desafiam o próprio homem
Do diabo ao Altíssimo
Da peleja consagrada
Nos altares do tranquilo
Servos de tanta coragem
Das palavras que te digo
Contam versos dessa vida
Como se prepara a fava
Cortam velha falha rica
Das torturas dessa fala
E o corte tão profundo
Corta a pele tão pregada
Sorte a do cortador
Cortejo numa lapada
Segue lenda das cacimbas
Dessas onde o povo mata
Feito bodes na baixada
Dois colegas de infância
Brigavam por coisa de cabra
Pra ver quem dançava melhor
Com a mocinha de saia rodada
No forró das dez e meia
Junto dos dono da farra
Começaram a se estranhar
Como o velho vê as rusgas
Partiram pra vias de fato
Sem cerimônia pra luta
O mais velho pegou ar
Mão na cinta, expressão bruta
Começou a ameaçar
Apontando a causa última:
“- Meu bichin, olhe pra ponta
E a lâmina talvez não tarda
Entrará na tua carne
Nem terá tempo pra nada
Quando o sangue escorrer
Pode preparar a mortalha
Um chá pra visita de fora
Caixão e vela chorosa
Velório e tristeza em casa”
No entanto, respondeu
O caçula aperreado
“- Irmão meu não tem desculpa
Pra apanhar feito um imundo
Puxa arma nessa altura
Porque nem se garante no murro
Largue essa covardia, deixe de tanto dilema
Venha pra cima de mim, pra mim lhe quebrar suas venta.”
Quem sofreu, deixou saudade
Quem souber, em carta marcada
Pularam perante a pressa
A peleja de uma ciranda traçada
Cantador de ouro e piada
Ouviu nas suas andanças
Conheceu senhor satisfeito e também viu as carrancas
Versejou o grã-sertão, em cada parte da sua malha
Pelejou em tantas praças
Guardou a fé nas festas suas
Herói de viola guardada
A capa nas dobraduras
Menestrel das semeaduras
Horário de volta aguardada
Soltou farpas nas caras duras
Cortadas em Cordel de Facas.
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