A POUCO - Benedito Bergamo

 

não exista muito
e daqui a pouco
existirá o vento de trás da porta
da cidade lá fora
só um pouco
É assim se não de outro jeito
as portas que abrem incompletas
solta pelo vento da alegria de nada
ou por uma tristeza vazia do que pode
ser escrito aqui
Nada e nem medo retardam
a existência
Vontade de correr
Pular
Voar
Mergulhar olhando para trás
para deixar ser o que é
no sentido da linha de pipa
da sombra do avião
de qualquer coisa no brilho da chuva
sobre as pessoas
gatos
cachorros, prédios e monumentos
antenas de TV
no som molhado e molhado nos olhos da cidade
Você não sabe
Isso não existe
Ninguém ensinou que era assim
mas daqui a pouco

vamos perceber
nosso coração vivo
entre suas batidas
e o vento
e a porta