Hoje não vou à Broadway –
pois não é que nunca vou à Broadway –
que importa fogo ou neve em New York?
Vou ficar para o grande espetáculo da terra
como o circo de Maru
com a rumbeira Margareth
e os clowns Chega-Chega e Batatinha
no ritmo inebriante de Tijuana Taxi
meu Deus, que fim levou a rumbeira Margareth
delírio da criançada de perdida infância
casou-se e foi para Feira de Santana
véus – muitos véus – iam-se dissolvendo um a um
agora grinaldas, o buquê, girândolas de pétalas
uma tiara de corações partidos
e aquela calda toda
de branco
imagino-a sob o altar da Catedral
da sagrada Nossa Senhora de Sant’Anna
ao eterno som de Tijuana Taxi
“Pã! Parampampã-pã-pã-pã!”
(apoteose dos grotões de minha terra:
na aurífera
na agrícola
nessa imensidão distante e tão próxima
como a antiga cidade de Jacobina
sem o arpejo, o canto, o desespero de Bob Silva
sem o alto-falante da Rádio Nacional
nem a doce viola de Paulo da China
numa esquina perdida da Rua Ana Nery
mas cristalizada numa antiga cantiga)
Há um momento em que os malabares
eternizam-se no ar
e o trapezista projetava-se
para o alto e precipitava-se
sobre um assoalho de taipás
para o delírio da meninada
sem infância
sem rede
sem coração
e lá estava o homem-borracha
estatelado em linha reta
– e a linha tênue –
Na linha oblíqua do chão
“Pã! Parampampã-pã-pã-pã!”
Têm-se infância e memória?
A quem importa a ruína do Empire State?
Que importa a estrutura vítrea do Louvre
o burburinho do Quartier Latin
as ruínas gregas e as pirâmides no Cairo
o Coliseu e o túmulo de Tutancâmon?
Meu Deus, o que importa
a privada de ouro de um sultão em Omã
se o levante do Oriente
é o que há de mais moderno?
Que importa aquele edifício em Dubai
ante o singelo pedido da natureza –
subcutânea tatuagem e a fina estampa da pele?
Deem-nos infância e memória
e ficaremos para o grande espetáculo da terra.
pois não é que nunca vou à Broadway –
que importa fogo ou neve em New York?
Vou ficar para o grande espetáculo da terra
como o circo de Maru
com a rumbeira Margareth
e os clowns Chega-Chega e Batatinha
no ritmo inebriante de Tijuana Taxi
meu Deus, que fim levou a rumbeira Margareth
delírio da criançada de perdida infância
casou-se e foi para Feira de Santana
véus – muitos véus – iam-se dissolvendo um a um
agora grinaldas, o buquê, girândolas de pétalas
uma tiara de corações partidos
e aquela calda toda
de branco
imagino-a sob o altar da Catedral
da sagrada Nossa Senhora de Sant’Anna
ao eterno som de Tijuana Taxi
“Pã! Parampampã-pã-pã-pã!”
(apoteose dos grotões de minha terra:
na aurífera
na agrícola
nessa imensidão distante e tão próxima
como a antiga cidade de Jacobina
sem o arpejo, o canto, o desespero de Bob Silva
sem o alto-falante da Rádio Nacional
nem a doce viola de Paulo da China
numa esquina perdida da Rua Ana Nery
mas cristalizada numa antiga cantiga)
Há um momento em que os malabares
eternizam-se no ar
e o trapezista projetava-se
para o alto e precipitava-se
sobre um assoalho de taipás
para o delírio da meninada
sem infância
sem rede
sem coração
e lá estava o homem-borracha
estatelado em linha reta
– e a linha tênue –
Na linha oblíqua do chão
“Pã! Parampampã-pã-pã-pã!”
Têm-se infância e memória?
A quem importa a ruína do Empire State?
Que importa a estrutura vítrea do Louvre
o burburinho do Quartier Latin
as ruínas gregas e as pirâmides no Cairo
o Coliseu e o túmulo de Tutancâmon?
Meu Deus, o que importa
a privada de ouro de um sultão em Omã
se o levante do Oriente
é o que há de mais moderno?
Que importa aquele edifício em Dubai
ante o singelo pedido da natureza –
subcutânea tatuagem e a fina estampa da pele?
Deem-nos infância e memória
e ficaremos para o grande espetáculo da terra.
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