segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

DOIS SONETOS de Laert Wanderley Navarro Lins

 

MEU PAI

Partiste um dia e nos deixaste ao lado,
Tristes, chorando a tua longa ausência,
E implorando ao Senhor graça e clemência,
Se na vida tiveste algum pecado!

Tu, que sofreste tanto na existência,
Que, sempre, o bem fizeste, Pai amado,
Quem sabe se por Deus foste chamado,
Para viver em doce convivência?

Quem sabe? Este consolo é que nos resta:
Pensar que a morte par ti foi festa,
Inspirada por Deus — Nosso Senhor!

Se assim o foi, que a ti não chegue o pranto,
Desta saudade que amargura tanto,
No desespero atroz da nossa dor!
......
EU

Eu, talqualmente, todos os mortais,
Vivo algemado à leis da Natureza;
Se tenho em mim blandícias sensuais,
Sinto, às vezes, assomos de maleza.

Tudo, na vida, é instável e fugaz;
E eu, plenamente certo da certeza,
De que todos os homens são iguais,
De mim afasto a idéia de grandeza.

Quero, mesmo, ser como toda a gente,
Que, neste Mundo mísero e inclemente,
Suporta as contingências da matéria!

É insano aquele que, visando a glória,
Trabalha para se inscrever na História,
De um Mundo de maldade e de miséria!

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