(Do livro inédito “Terra dos Homens Clonados)
.....
Uma noite dessa eu vou sair por aí
para ver se encontro a parte de mim
que ficou enterrada nas brumas do tempo.
Vou vasculhar todas as gavetas,
todos os becos, ravinas e veredas,
todas as encruzilhadas, as estradas,
as ruas que foram tocadas por meus pés.
Vou visitar todas as minhas ex-namoradas,
as prostitutas que me ensinaram coisas,
os amigos que se embriagaram comigo,
os barbeiros que cortaram o meu cabelo,
as rezadeiras que curaram
a minha espinhela caída,
as parteiras que abortaram a solidão
para que a poesia se instalasse dentro de mim.
Não vou vestir uma armadura como Quixote,
nem empunhar um livro como escudo,
nem levarei nenhuma lanterna
como Diógenes.
O que eu quero é apenas encontrar
a lágrima que não chorei,
o poema que não fiz,
e pedir perdão a mim mesmo
por não ter vivido tudo aquilo que sonhei.
Uma noite dessa
eu vou sentar numa esquina
e esperar a madrugada chegar.
Na certa
o vento frio dos cemitérios me trará os mortos
que um dia transformaram
minha casa em um lar
e quem sabe levaram para além-túmulo
uma parte de mim.
Com cuidado e cautela invocarei as autoridades
que se diziam donas do mundo.
Talvez elas possam me explicar
a razão de todos os seus medos.
Uma noite dessa eu partirei sem um adeus
sem despedida,
outra parte de mim será tomada.
Serei espalhado ao vento
como as folhas de um velho ingazeiro
até que um dia um pássaro azul resolva semear
nas brumas do tempo os meus versos tristes.
.....
Uma noite dessa eu vou sair por aí
para ver se encontro a parte de mim
que ficou enterrada nas brumas do tempo.
Vou vasculhar todas as gavetas,
todos os becos, ravinas e veredas,
todas as encruzilhadas, as estradas,
as ruas que foram tocadas por meus pés.
Vou visitar todas as minhas ex-namoradas,
as prostitutas que me ensinaram coisas,
os amigos que se embriagaram comigo,
os barbeiros que cortaram o meu cabelo,
as rezadeiras que curaram
a minha espinhela caída,
as parteiras que abortaram a solidão
para que a poesia se instalasse dentro de mim.
Não vou vestir uma armadura como Quixote,
nem empunhar um livro como escudo,
nem levarei nenhuma lanterna
como Diógenes.
O que eu quero é apenas encontrar
a lágrima que não chorei,
o poema que não fiz,
e pedir perdão a mim mesmo
por não ter vivido tudo aquilo que sonhei.
Uma noite dessa
eu vou sentar numa esquina
e esperar a madrugada chegar.
Na certa
o vento frio dos cemitérios me trará os mortos
que um dia transformaram
minha casa em um lar
e quem sabe levaram para além-túmulo
uma parte de mim.
Com cuidado e cautela invocarei as autoridades
que se diziam donas do mundo.
Talvez elas possam me explicar
a razão de todos os seus medos.
Uma noite dessa eu partirei sem um adeus
sem despedida,
outra parte de mim será tomada.
Serei espalhado ao vento
como as folhas de um velho ingazeiro
até que um dia um pássaro azul resolva semear
nas brumas do tempo os meus versos tristes.
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