domingo, 16 de janeiro de 2022

VERDADES ENGANOSAS – Esther Steremberg

 

Sou o vento ágil que dobra na próxima esquina
Aspiro a fragrância das flores que perfumam o jardim
Não admito fracassos que tanto empobrecem a vida
Busco luz, claridade e brilho por esse mundo sem fim

Da árvore imponente, sou tronco robusto e forte
Tendo mil galhos com folhas de um viço verdejante
Minha copa tão frondosa é manto que cobre a clareira
Farta em sombra e frescor para o mísero viandante

Se sou fogo ardente e rubro
Incandescente em esplendor
Queimo com paixão fremente
Em fascinante jogo sedutor

Sou água límpida tal qual espelho
Meu reflexo retrata com fidelidade
Alma pura e sonhadora
Que geme lânguida de saudade

Numa gama de verdades
Indiscutíveis, verdadeiras
Afirmativas enganosas
Nunca vi, é vez primeira

Por isso não nego nem afirmo
O rumo que é possível a vida ter
Pois sempre a estória e o momento
Definem o que se está a viver.

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