sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

PÁGINA DO DIÁRIO DOS TEMPOS PANDÊMICOS – Maria de Lourdes Hortas

 

Amorfa estação
de solitude
dias estancados
inquisição do medo
areias sem retorno
escorrendo
na clepsidra da escuridão.

Fugiram todos
pânico adentro
monges exilados
em solitários claustros
frios refúgios
calabouços
porque lá fora
uivando
ronda a fera
arranhando portas
enquanto
legiões de anjos
de máscaras
lutam para
afugentá-la
dos leitos.

No deserto das estradas
o grito das sirenes
corta o silêncio
adaga ferindo
as miríades de esperança
nas cúpulas dos templos.

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