sábado, 15 de janeiro de 2022

DOIS SONETOS de Pethion de Villar (Pseudônimo de Egas Moniz Barreto de Aragão)

SPLEEN

Eu não creio no Amor! toda essa fofa estética,
De hipérboles senis, de frases indiscretas
Que hoje até causa riso à gente mais dispéptica
E inda serve de capa à asneira dos poetas;

Toda esta bimbalhada estólida de prantos,
Que transfigura a Musa em chafariz eterno
E faz de cada tipo. o tipo dos encantos,
Tornando o metro azedo à força de ser terno;

Tudo isto, neste fim de século, em que cada alma
Tem por farol o Gozo e por Deus o Dinheiro,
E o judeu Rothschild o mundo inteiro espalma;

Tudo isto nada vale e prova o que eu já disse,
Cheio de um cepticismo intenso e verdadeiro:
O Verso é um bibelô, o Amor uma tolice...
...........
HARMONIA SUPREMA

Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! Irrompa finalmente
Do meu lábio covarde, alto, numa explosão
Fatal, de uma só vez este segredo ardente
Assim como um rugido, assim como um clarão!

Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! Ó Verbo onipotente
Que se fez Carne! Ó doce e horrível confissão!
Asa que vem do Azul varrendo a Noite em frente,
Aleluia eternal, suprema Redenção!

Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! Oh que aurora irradia
Desta frase ideal que anda a cantar, à toda...
Silêncio! Versos meus... parai vossa Harmonia!

Basta! A voz deste Amor que me enleva e me aterra!
Do meu Corpo à minha Alma, indômita, revoa
Como um raio de sol que prende o Céu à Terra.

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