sábado, 22 de janeiro de 2022

COSTUREIRINHA – Vanessa Buffone

 

O pano e a agulha.
Agulha sem o rumo da costura,
Rasgo que pede remendo.
O do dia, rasgar-se e remendar-se.

Meus sonhos de bordados,
Do tudo bonito,
Do perfeito, da harmonia.
O medo do rasgo,
Os sustos do roto, do feio e do morto.
Costureira que acredita em assombração.

O pano e a agulha
Nas minhas mãos.
Que não quero sentir mais medo.
E a imagem que vejo
É de uma mulher que espera.
Uma mulher sentada embaixo de uma árvore.

O fazer da vida.
Os começos.
Uns dentro dos outros.
Os ínterins. As paralelas.
As constelações são as mesmas para todos os navegantes.

Igual a ir é voltar, que tudo é caminho.
Longe é só o cochichar da dúvida.
Perto é a mulher que está embaixo da árvore
E a própria árvore.

Desejo de descansar no sim de teus olhos.

Voltar.
O caminho da volta é um dos princípios dos mundos.
Volta ao mundo tem muitos sentidos.
E eu preciso voltar. Todos precisamos.

Perder-se é o sentido do círculo.
Volta ao mundo tem muitos sentidos.

Parto. Volto. Viajo.
O desejo de descansar no sim de teus olhos.

O pano e a agulha.
O sim do bordado
São milhões de estrelinhas
Este mundo é mesmo infinito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário