CÂNTICO DUAL
a Itérbio Homem
....
De Deus a mim,
nenhum segredo cabe:
Vivemos sempre a sós,
os dois, perenemente;
o pouco que aprendi
(da morte)
Deus o sabe.
O que meus dedos tocam,
agora,
Deus o sente:
Silêncio algum separa
meu canto de seu canto
que o sol nos une e abre
visão de outra visão.
A cor de minhas vestes
mudamos,
Deus o sabe:
A vida se consente
em Nós, presentemente,
e sendo a morte o fim
em minhas mãos não cabe.
......
O PÁSSARO
a Ladislau Porto
....
Distingue-se do vento por ter asas
e cores impossíveis para o vento:
Voando pelo ar, vem livre e lento
unir-se à solidão de nossas casas.
Mas vento é, como disfarce e voo,
e bojo de canções arremessado
em plumas pelo céu, equilibrado,
que a vida de ser leve transformou-o.
Ou vento já não é, mas é aurora,
que uma aurora nas plumas permanece:
Pelos ventos da tarde a tarde esquece
e canta claro e leve como outrora.
Em pouco voará, cantando a esmo
a incerteza do céu e de si mesmo.
a Itérbio Homem
....
De Deus a mim,
nenhum segredo cabe:
Vivemos sempre a sós,
os dois, perenemente;
o pouco que aprendi
(da morte)
Deus o sabe.
O que meus dedos tocam,
agora,
Deus o sente:
Silêncio algum separa
meu canto de seu canto
que o sol nos une e abre
visão de outra visão.
A cor de minhas vestes
mudamos,
Deus o sabe:
A vida se consente
em Nós, presentemente,
e sendo a morte o fim
em minhas mãos não cabe.
......
O PÁSSARO
a Ladislau Porto
....
Distingue-se do vento por ter asas
e cores impossíveis para o vento:
Voando pelo ar, vem livre e lento
unir-se à solidão de nossas casas.
Mas vento é, como disfarce e voo,
e bojo de canções arremessado
em plumas pelo céu, equilibrado,
que a vida de ser leve transformou-o.
Ou vento já não é, mas é aurora,
que uma aurora nas plumas permanece:
Pelos ventos da tarde a tarde esquece
e canta claro e leve como outrora.
Em pouco voará, cantando a esmo
a incerteza do céu e de si mesmo.
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