segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

DOIS POEMAS – Wagner Shadeck

 

A CAVERNA

Última sessão de cinema.
Numa sala escura de edícula,
Como serpente, uma película
No chão desenrola o dilema:

O enredo emenda novo esquema?
Seria esta cena a partícula
De outra metragem sem matrícula?
Quando o término? Qual o tema?

Farol vigiando da cabina,
Há um projetor que rebobina
E avança as sombras de uma história…

E o espectador nessa caverna
Deseja ver na vida externa
O filme íntimo da memória.
......
DÍVIDA

O Tempo, terrível credor,
virá bater à nossa porta;
austero, deve nos propor
o saldo de uma conta morta.

Somam-se idades, à medida
que os anos devem diminuir.
Somos inquilinos em vida,
e a nossa casa há de ruir.

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