(Trecho do romance)
Sentado numa cadeira de vime na varanda do apartamento no quinto andar de um edifício do bairro da Torre, no Recife, Pedro Gomes curtia o sol daquela quente manhã de dezembro de 2019. Ao seu lado, o neto Matheus esperava pela continuidade da história, ainda que já soubesse que essa, como todas as outras que eram contadas pelo avô, iria ser deixada para outro dia.
Matheus pegou o violão que estava encostado contra a parede da varanda e começou a dedilhar algumas notas musicais.
Queria chamar a atenção do avô, pois sabia que a narrativa só voltaria a ser contada quando as lembranças retornassem à memória de Pedro. Ainda assim ficou surpreso quando o avô virou o rosto para ele, ao escutar os acordes dados no violão, pedindo:
– Toque aquela! Toque!
Matheus reavivou as notas, trazendo a música aos tímpanos do avô. Logo a seguir escutou a voz rouca e grave de Pedro Gomes: “Não há, ó gente, ó não, / luar como esse do sertão”...
Nenhum comentário:
Postar um comentário