sábado, 15 de janeiro de 2022

METÁFORA – Anita Dubeux

 

A vida é uma sala circular repleta
de portas com variadas inscrições de rumo:
aventura,  arte,  amor,  paz,  luxúria,  sabedoria,
autoconhecimento, desafio, sacrifício.
O viageiro indolente procura os umbrais que
conduzem aos prazeres e recompensas imediatos,
toma sempre a direção do conforto,
comodidade do que é conhecido.

Viageiro inquieto escolhe portas
que se abrem para sendas temerosas.
Penetra no secreto domínio dos deuses
e não há remissão para o arrojo.
Conhece jardins de beleza inimaginável,
florestas de magníficas árvores imemoriais,
pássaros de plumagens indescritíveis e insólitas
borboletas com suas inefáveis simetrias.
Versos dos poetas preferidos 
e sublimes sinfonias acompanham-no,
Animais selvagens e belos deixam-se afagar
Prova o mais requintado alimento.
Conhece o Amor que a raros mortais é dado saber.

O viageiro é um deus!
O tigre feroz aninha-se aos seus pés.
Roseirais de múltiplos matizes sob o céu azul
e a linha do mar encantam os olhos,
à medida que avança em direção ao conhecimento.
Espinho e pedra dificultam a caminhada,
ferem os pés sangrantes, fustigam o corpo -
tributo à descoberta do imponderável.
Os deuses consentem ao viageiro - que
busca conhecer o coração da selva interior -
penetrar em seus domínios secretos.
Cumprido o Destino emprestado que
tornou grandiosa sua existência,
perece como todos os mortais.

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