quinta-feira, 24 de março de 2022

O SONHO E A SAUDADE – Edna Menezes

 

Na embriaguez da saudade, nada parecido.
Não sairemos do sonho natural.
A embriaguez em toda sua duração,
Será apenas,
É verdade,
Um imenso sonho irreal,
Graças à intensidade das cores,
À rapidez da concepção:
Mas guardará sempre a tonalidade particular
Do indivíduo.
Do homem que quis sonhar.
O sonho governará o ser:
Mas este sonho será o filho de seu pai.
Será o esforço de introduzir
Artificialmente
O sobrenatural em sua vida,
Em seu pensamento.
Mas depois de tudo
Depois das sensações,
O mesmo ser com saudade,
Subjugado,
E para sua infelicidade,
É ele mesmo que se subjuga,
Pela parte já dominante nele mesmo,
Serve a quem o mata o vencedor.
Quis ser anjo,
Quis o amor,
Momentaneamente poderoso,
Sem governo que o modere ou
Explore.
Saibam os ignorantes e os
Intelectuais:
Não encontrarão no amor
Nada de miraculoso
Apenas seus fenômenos comuns, individuais:
O sonho e a saudade.
O ser não escapará à fatalidade
O amor será um espelho que aumenta
Mas para sempre um simples espelho
Que reflete o sonho e a saudade.

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