terça-feira, 1 de março de 2022

POESIAS DE Sirlânio Jorge Dias Gomes

 

TEU OLHAR

Ao teu olhar meu coração se aquece,
Fogo que minh'alma incendeia,
Abrasar contínuo de tal afeto,
Que não se acaba com a morte,
Consorte de amores de afago finito,
Memórias da eternidade,
Joia do amor padece.

Ao teu olhar,
Basta-me o teu querer,
Solene confissão da intimidade,
Segredando a beleza,
Desta existência em vendavais,
Imitando a serenidade das coisas,
Nos ventos incompreensíveis.

Ao teu olhar me encontro,
Reinvento-me feito poesia,
A cada verso afeito em sonhos,
Em seus paralelos humanos,
Premissas dos borbotões da vida,
Descalços pelo caminho.
............................
POLIMORFIA

Gira o ponteiro do relógio em sua toca,
Invisível e real celeiro de ferozes seres,
Alados, decapitados, amordaçados,
Ilustres moradores do tempo,
Abraçados aos seus cadafalsos,
Amontoado silêncio gélido,
Ilustrando os pálidos tesouros,
Abrigando criaturas infestas.
Funesto caminho irrompe a alma,
Assaz perdida no tempo,
Redemoinhos de fantasmas,
Atemorizando suas fiéis imagens,
Com seus gritos enfadonhos,
Gruir da infinda morte,
Sob asas do pesadelo,
Ambíguos infernos,
Aos olhos de quem os criou.
Ao longe a canção sidérica,
Se faz ouvir no mutismo dos mundos,
Vibrações de plasmas quiméricos,
Recriando submundos indefinidamente,
No imenso caos da casualidade,
Onde os infernos se fundem,
No desalinho de cada vontade,
Consentido querer ao livre-arbítrio,
Condenado desejo decaído,
Sob o contínuo girar do ponteiro,
Em suas portas exequíveis.

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