Tradução de Aíla de Oliveira Gomes
................
Meu amor tem sua origem e objeto
Tão estranhos e de tal raridade –
Pois foi gerado pelo Desespero
Na própria Impossibilidade.
Somente o Desespero que me exalta
Um tão divino alguém me mostraria,
Onde, agitando em brilho as frágeis asas,
A Esperança tênue não ousaria.
Ainda assim, eu chegaria, decerto,
Onde minha alma, estendida, se fixa –
Mas o Fado, a meter cunhas de ferro
E a barrar meu caminho se encarniça.
Porque com olhos de inveja ele sente
Dois amores perfeitos – pra seu dano,
porque tal união, se ele consente,
Destronaria seu poder tirano.
E então cria decretos iracundos
Que em polos opostos nos espacem,
(Embora um mundo de amor nos circunde)
Não deixando que os amantes se abracem –
A menos que tontos desabem os céus,
Ruindo a terra em terremoto sério,
E, para unir-nos, este mundo, ao léu,
Se contraia num mero planisfério.
As linhas oblíquas (e, desse jeito,
O amor) podem em algum ângulo se tocar;
Mas as nossas – paralelo perfeito –,
Infinitas, nunca hão de se encontrar.
E, pois, este Amor que a nós une, ardentes,
E que o Fado trava, em sua querela,
É imagem da conjunção das mentes
E da oposição das estrelas.
................
Meu amor tem sua origem e objeto
Tão estranhos e de tal raridade –
Pois foi gerado pelo Desespero
Na própria Impossibilidade.
Somente o Desespero que me exalta
Um tão divino alguém me mostraria,
Onde, agitando em brilho as frágeis asas,
A Esperança tênue não ousaria.
Ainda assim, eu chegaria, decerto,
Onde minha alma, estendida, se fixa –
Mas o Fado, a meter cunhas de ferro
E a barrar meu caminho se encarniça.
Porque com olhos de inveja ele sente
Dois amores perfeitos – pra seu dano,
porque tal união, se ele consente,
Destronaria seu poder tirano.
E então cria decretos iracundos
Que em polos opostos nos espacem,
(Embora um mundo de amor nos circunde)
Não deixando que os amantes se abracem –
A menos que tontos desabem os céus,
Ruindo a terra em terremoto sério,
E, para unir-nos, este mundo, ao léu,
Se contraia num mero planisfério.
As linhas oblíquas (e, desse jeito,
O amor) podem em algum ângulo se tocar;
Mas as nossas – paralelo perfeito –,
Infinitas, nunca hão de se encontrar.
E, pois, este Amor que a nós une, ardentes,
E que o Fado trava, em sua querela,
É imagem da conjunção das mentes
E da oposição das estrelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário