Recordação de amor, doces mágoas de outrora,
Como o sol no ocaso um fugitivo raio,
volta-me ao coração, hoje em luto, senhora,
na fragrância floral desses dias de maio.
Há bem pouco isso foi; nesse mês, pelos campos,
por ventura uma tarde envergaram meus olhos
o teu vulto grácil, colocando entre os grampos,
de avenca e de jasmins uns delicados molhos.
Cheguei-me a ti e era toda rubores,
lendo no teu olhar a surpresa mais franca
que causava uma flor a se enfeitar de flores,
de jasmins se tocando uma verbena branca...
Uma frase banal arremessada ao acaso
foi o início talvez deste amor que nasceu
de teus olhos fatais de claro crisópraso
– com reflexos de mar e nuanças de céu.
Já não me lembro mais da parvoíce da frase...
se foi um cumprimento, ou se foi uma jura...
mas sei que em ti beijando a mão estive quase,
por um triz a cingir tua leve cintura...
“Insolente”, cantou a tua voz de prata
na estranha vibração de uma guzla encantada,
julguei a voz ouvir de uma rosa escarlata,
ouvindo assim falar tua boca rosada.
– Perdoa-me, senhora? murmurei contrito,
como se cometesse o pecado mais feio,
e, ajoelhei-me a teus pés, envergonhado e aflito,
e, tu me deste a mão, toda cheia de enlevo...
O tratado de paz feito, dei-te o meu braço;
recusaste-o, insistí suplicando-te: vamos...
A noite o seu velário estendia no espaço
mais escuta tornando a esmeralda dos ramos.
Que risonho casal não fazíamos ambos
pelos campos em flor à luz crepuscular!...
Ouvias encantada os ternos ditirambos
aos teus olhos gentis cor do céu e do mar!
Compunha madrigais algures repetidos,
nem com tanto calor nem com tantos matizes,
e, vendo-nos rir na palestra embebidos,
muita gente pensou: são dois noivos felizes!
Mas deitaste a correr alveolazinha tonta
Pela selva que a larga e amena estrada junca,
e mandei-te de longe um punhado sem conta
de beijos folgazões, mais feliz do que nunca!
Muitas vezes depois pelos campos corremos
tal um inquieto par de borboletas loucas,
ora a despetalar os louros crisântemos,
ora unindo num beijo as nossas bocas.
Um dia te esperei na sebe onde tu vinhas
esperar que eu chegasse à hora de costume,
ansioso por prender as tuas mãos nas minhas,
ouvir a tua voz, haurir o teu perfume.
Faltaste aquela vez e outras mais e centenas
tu, ingrata, faltaste à terna conferência...
Veio o inverno e matou as brancas açucenas
e os sonhos pueris de minha adolescência.
Hoje, à volta de maio, eu revolvendo acaso
de minha juventude estas recordações,
dos teus olhos lembrei a cor do crisópraso
onde outrora bebi tantas desilusões.
Como o sol no ocaso um fugitivo raio,
volta-me ao coração, hoje em luto, senhora,
na fragrância floral desses dias de maio.
Há bem pouco isso foi; nesse mês, pelos campos,
por ventura uma tarde envergaram meus olhos
o teu vulto grácil, colocando entre os grampos,
de avenca e de jasmins uns delicados molhos.
Cheguei-me a ti e era toda rubores,
lendo no teu olhar a surpresa mais franca
que causava uma flor a se enfeitar de flores,
de jasmins se tocando uma verbena branca...
Uma frase banal arremessada ao acaso
foi o início talvez deste amor que nasceu
de teus olhos fatais de claro crisópraso
– com reflexos de mar e nuanças de céu.
Já não me lembro mais da parvoíce da frase...
se foi um cumprimento, ou se foi uma jura...
mas sei que em ti beijando a mão estive quase,
por um triz a cingir tua leve cintura...
“Insolente”, cantou a tua voz de prata
na estranha vibração de uma guzla encantada,
julguei a voz ouvir de uma rosa escarlata,
ouvindo assim falar tua boca rosada.
– Perdoa-me, senhora? murmurei contrito,
como se cometesse o pecado mais feio,
e, ajoelhei-me a teus pés, envergonhado e aflito,
e, tu me deste a mão, toda cheia de enlevo...
O tratado de paz feito, dei-te o meu braço;
recusaste-o, insistí suplicando-te: vamos...
A noite o seu velário estendia no espaço
mais escuta tornando a esmeralda dos ramos.
Que risonho casal não fazíamos ambos
pelos campos em flor à luz crepuscular!...
Ouvias encantada os ternos ditirambos
aos teus olhos gentis cor do céu e do mar!
Compunha madrigais algures repetidos,
nem com tanto calor nem com tantos matizes,
e, vendo-nos rir na palestra embebidos,
muita gente pensou: são dois noivos felizes!
Mas deitaste a correr alveolazinha tonta
Pela selva que a larga e amena estrada junca,
e mandei-te de longe um punhado sem conta
de beijos folgazões, mais feliz do que nunca!
Muitas vezes depois pelos campos corremos
tal um inquieto par de borboletas loucas,
ora a despetalar os louros crisântemos,
ora unindo num beijo as nossas bocas.
Um dia te esperei na sebe onde tu vinhas
esperar que eu chegasse à hora de costume,
ansioso por prender as tuas mãos nas minhas,
ouvir a tua voz, haurir o teu perfume.
Faltaste aquela vez e outras mais e centenas
tu, ingrata, faltaste à terna conferência...
Veio o inverno e matou as brancas açucenas
e os sonhos pueris de minha adolescência.
Hoje, à volta de maio, eu revolvendo acaso
de minha juventude estas recordações,
dos teus olhos lembrei a cor do crisópraso
onde outrora bebi tantas desilusões.
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