quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

FATA MORGANA - David Avidan

 

Tradução de Nancy Rozenchan
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Trombetas brilhantes ao longe
inundaram a relva quente
E cavalos cinzentos aspergiram a sua espuma
E havia ali uma choupana de madeira
alongada de vigas sólidas
e também uma cerca de arame farpado.

(E quanto quisemos sempre que isto fosse verdade,
e quanto polimos sempre trombetas e quanto
eram as vigas sólidas
e também cerca de arame farpado.)

E lá o trem passa de vez em vez,
e o cheiro de fogo excita as patas dos cavalos,
e a relva estremece com o sopro leve. Há um lugar
a que se pode chegar se realmente se quer,
e talvez vê-lo do topo de uma rocha
como num filme de guerra hollywoodiano
os braços estão estendidos à frente
e o olho examina.

(E quanto quisemos sempre que isto fosse verdade
e quanto desprezamos isto por vezes e quanto
exasperava a fumaça as patas dos cavalos
e também cerca de arame farpado.)

E por vezes você acredita de repente,
acredita de verdade
que trombetas brilhantes ao longe
ainda inundam a relva quente,
e a luz clara cochila confortavelmente e os
cheiros das flores ela respira profundamente,
e seu cheiro
é como uma espécie de melodia tépida,
cansada mas tempestuosa,
que fechou os nossos olhos,
apagou o tabaco do cachimbo,
os músculos estão lassos, está quente
fora mas ao mesmo tempo de perto
sente-se nitidamente como ao longe o trem passa,
e as patas dos cavalos irrompem na choupana.
E amiúde
há dentro pessoas esquisitas de algum outro país.

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