Tradução de Jasmina Markic
............
SERPENTE
Dois não são duas vezes um só.
Dois não são mais. São duas vezes menos.
Esta multidão que sorri,
esta multidão que apedreja,
esta multidão de dois em dois
nas caldeiras da cunhadia do diabo,
nos ninhos de ódio das fêmeas,
nos óvulos inchados das mulheres.
E você observa a terra e o céu,
talvez não seja assim,
mas com olhos de serpente você
vê como repta e espreita,
como achata e se amassa, ameaça,
olha a serpente, segura-a, mata-a, despedaça-a,
e volta a dissimular, morde a terra
suplicando as sobras da mesa
e reza e rende graças
esta multidão, esta multidão
que gritava crucifica-o.
....................
JANEIRO
Enormes são os poliedros do silêncio
em cima dos telhados mortos.
O silêncio do ar congelado
entre as ruas inconscientes.
O silêncio das caveiras brancas entre a ramagem.
Pela goteira caiu
uma mão de prata.
Endurecida, aponta para a morte.
Os pombos dormem, miúdos,
detrás de centelhantes cortinas de medo.
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SERPENTE
Dois não são duas vezes um só.
Dois não são mais. São duas vezes menos.
Esta multidão que sorri,
esta multidão que apedreja,
esta multidão de dois em dois
nas caldeiras da cunhadia do diabo,
nos ninhos de ódio das fêmeas,
nos óvulos inchados das mulheres.
E você observa a terra e o céu,
talvez não seja assim,
mas com olhos de serpente você
vê como repta e espreita,
como achata e se amassa, ameaça,
olha a serpente, segura-a, mata-a, despedaça-a,
e volta a dissimular, morde a terra
suplicando as sobras da mesa
e reza e rende graças
esta multidão, esta multidão
que gritava crucifica-o.
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JANEIRO
Enormes são os poliedros do silêncio
em cima dos telhados mortos.
O silêncio do ar congelado
entre as ruas inconscientes.
O silêncio das caveiras brancas entre a ramagem.
Pela goteira caiu
uma mão de prata.
Endurecida, aponta para a morte.
Os pombos dormem, miúdos,
detrás de centelhantes cortinas de medo.
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