quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

PULSO - Lioba Happel

 

Tradução de Valeska Brinkmann
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Quando você está cansada não lhe ocorre
como se chama o veneno que você bebeu
ao invés da própria vida
e se a palavra veneno
devia aparecer mais uma vez
em um poema
como é beber o Rio do
Esquecimento e se o sibilo no seu lábio
vem de querer escrever poesia ou do tremer
Quando está cansada você segue
o caminho que quer
segue para dentro da mata espessa
onde raposas estão sentadas prontas
para cuspir as iscas da raiva prontas
para se afastar majestosamente ou
com rostos velados pela espuma
acossar você esperar por você até
quando você se cansar
raquíticas e famintas com seus
olhos de raio-x à noite
Quando você está cansada
não importa se lhe convidam
para comer no meio delas o frango ou se
atacam trituram seus ossos fazem a ceia
Quando você está cansada
você para de lamber o sal dos
polegares e lágrimas estão tão distantes como
rios de verdade em um poema sobre rios
que também não se molha
Quando você está cansada
você não pergunta a sério
por que um poema sobre rosas não tem perfume
por que ele não entranha espinhos nos seus dedos
por que não uma manhã desbotada de dedos ou
nobreza inglesa amarelada ou cor de sangue tinto
de Kissinger não respingam do poema
Quando você está cansada você imagina
que a poesia poderia muito bem existir sem você
com ou sem um poema seu
ou ter perdido a razão
Quando você está cansada não sabe mais mesmo
se ela ou você ou o próprio mundo com o
sem um poema seu existe
mesmo que você adormeça
mesmo quando você se for

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