sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

A CANTORA DO METRÔ - Amy Clampitt

 

Tradução de Denise Emmer
......
Sobrevivente e desolada
figura pública - macilenta
desde que, com sua bengala, acordeão
e pires, eu a vi pela última vez

tateando seu duro caminho
como se numa íngreme montanha estivesse
abismos de um trem do metrô
onde escutei o seu contralto rascante

a sua voz soava vacilante
acima do burburinho popular
no constrangimento alienante
do rebanho ao tênue sinal

era tudo quase inaudível
o que chegava
de um promontório pálido
das cavidades frias de sua face
às nebulosas
de sua cegueira extrema
vista agora esperando
na plataforma,
como se no intervalo
entre dois recitais tão absurdos
aquela figura encolhida,
mas presente
que reúne uma multidão de inconscientes
quantos são os que ouvirem e ouvirem
o som do óbulo descendo
pela surda caixa do esquecimento.

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