quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

DOIS POEMAS - Amir Gilboa

 

Tradução de Dora Blatyta
......
E MEU IRMÃO SE CALA

Meu irmão voltou do campo
numa veste cinzenta.
E cogite, quem sabe
meu sonho revelar-se à mentira
e comecei de imediato
a contar suas feridas
e meu irmão se cala.
Depois vasculhei nos bolsos do capote
e encontrei um curativo
cuja mancha estava seca.
E num postal puído o nome dela
debaixo de um desenho de papoulas.
E meu irmão se cala.
Então desatei o embrulho
e tirei seus pertences,
lembrança após lembrança.
Bravo, meu irmão,
meu valente irmão,
eis que encontrei as suas medalhas!
Bravo meu irmão,
meu valente irmão,
cantarei loas ao teu nome!
E meu irmão se cala.
E meu irmão se cala.
E seu sangue da terra clama.
.............
ISAAC

Ao amanhecer passeava o sol
dentro da floresta
junto comigo e com meu pai
e minha destra
está em sua mão esquerda.
Como um resplendor fulgurou
um cutelo entre as árvores
e eu temo tanto
o medo de meus olhos
diante do sangue sobre as folhas.
Pai, pai, rápido, salve Isaac
e não faltará ninguém
na refeição do meio-dia.
Sou eu o degolado, meu filho,
e já meu sangue está sobre as folhas.
E meu pai, sua voz ficou obstruída.
E suas faces, pálidas.
E eu quis gritar, me agito para não crer
e arregalo os olhos
e acordei.
E exangue estava a destra

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