quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

TRÊS POEMAS – João Tala

 

APENAS PALAVRAS DE REDENÇÃO

Os dias fundam breves caminhos sobre
as palavras.

Não reclamo palavras economizadas,
a grande fortuna, não.

Nem uma imagem profunda nem
um abismo em nós.

Não reclamo palavras estafadas ou
mesmo ressentidas, marcadas de novas
[cicatrizes, não.

Apenas reclamo palavras de redenção
guardadas entre as revoltas.
.....
DOU À ESCRITA MEUS TORMENTOS

Com medo dou à escrita o que pertence às vitórias;
narro a fadiga o funeral
da abundância;
arrastei corpos iletrados e maravilhas
dos palácios e mesquitas;
disseram-me que calasse atentavam
contra as palavras;
feriram o pensamento;
as palavras vieram juntar-se a
tudo quanto não vi.
nunca mais verei nada!,
apenas o que disse das
palavras impacientes nas minhas retinas
demistificadas.
e deram-me um tiro na retina.
......
TONTURA

Ainda apagam pálpebras de volta à tontura
ainda o sentimento da nossa longa história
a ruína vai da notícia à revolução

palavras mortas nunca mais preenchidas
os rios demorados no sintoma dos países
e tudo passa e o poema indaga
o dia que acontece como uma ruína.

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